quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Professores visitam o maior reactor de Fusão Nuclear



Experiência aproxima investigação das futuras gerações

Doze professores do ensino secundário visitaram o maior reactor de fusão nuclear da Terra (JET), no Reino Unido, na semana passada.

A oportunidade surgiu do 1º Workshop sobre Fusão Nuclear, organizado pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), unidade de investigação do Instituto Superior Técnico, ao qual concorreram 75 docentes de vários pontos do País.

O workshop também incluiu uma introdução à física, tecnologia e engenharia da fusão nuclear, através de várias aulas proferidas por investigadores do IPFN e do JET, e de visitas aos laboratórios do IPFN.

A visita ao JET “foi muito importante, pois apesar de ser professora do ensino secundário sabia muito pouco sobre a tecnologia associada à formação de plasmas e à própria Fusão Nuclear”, revela Marília Peres ao Ciência Hoje.

Para a docente de Física e Química da Escola Secundária José Saramago, em Mafra, a formação que decorreu no IST também “proporcionou conhecimentos relevantes”.

O que mais a surpreendeu no JET foi observar a tecnologia associada à formação dos plasmas e à fusão nuclear e os avanços e melhorias que se tem obtido nesta área. “Se os meus conhecimentos numa área da Física melhoraram, de certeza que se irá reflectir nos conhecimentos dos meus alunos”, constata.

Teresa Duarte, outra das professoras seleccionadas, conta que concorreu ao 1º Workshop sobre Fusão Nuclear do IPFN para aprender um pouco mais sobre o tema. A docente de Física e Química do Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha quer “ensinar e motivar melhor os alunos num campo do conhecimento que, para além de muito interessante, tem tanto para dar à humanidade”.



A visita ao JET durou dois dias
Nos dois dias de visita ao JET, Teresa Duarte ficou surpreendida com o reactor tokamak e com a sala de controlo onde decorriam as experiências. “Foi uma oportunidade única", afirma.

Cientistas educam-se hoje

A fusão nuclear faz parte do currículo do secundário e a aproximação entre a universidade e os professores responsáveis por leccionar este tema aproxima a actividade de investigação das futuras gerações. “Ao trabalharmos com os professores estamos a ajudá-los a enquadrar a matéria que irão leccionar”, explica Bruno Gonçalves, cientista do IPFN.

Na visita ao JET, os professores puderam testemunhar em primeira mão o entusiasmo dos investigadores, os desafios que enfrentam e o produto de muitos anos de investigação. Quando “transmitirem este entusiasmo aos alunos estarão a contribuir para a formação de futuros engenheiros e investigadores”, afirma.

Para Bruno Gonçalves a educação científica cultiva-se desde muito cedo e são os professores do secundário que têm um papel essencial em estimular a sede de conhecimento nos alunos. “As futuras gerações de investigadores e cientistas educam-se hoje”, sublinha.

O que é o JET?
O JET (Joint European Torus) é o único dispositivo de fusão nuclear por confinamento magnético capaz de operar com misturas de deutério e tritio. É colectivamente utilizado por mais de 40 laboratórios membros da EFDA (European Fusion Development Agreement), um acordo em que Portugal é representado pelo IST, contribuindo para o programa mais de 350 investigadores e engenheiros de toda a União Europeia e da Suíça.


2011-09-15

Por Susana Lage

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