quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

2011. Onze desafios da Química





A IUPAC e a UNESCO decidiram proclamar 2011 como a Ano Internacional da Química para celebrar as realizações desta ciência e as suas contribuições para o progresso e bem-estar da humanidade.

Procura-se melhorar a compreensão e valorização da Química pelo público em geral, reforçar a cooperação internacional entre instituições que se ocupam da Química, promover o papel da Química para a resolução dos desafios actuais e intensificar o interesse e mobilização dos jovens em torno das disciplinas científicas.
Em 2011 comemora-se o primeiro centenário da atribuição do Prémio Nobel da Química a Marie Sklodowska Curie, a Madame Curie, em reconhecimento do seu notável trabalho que conduziu à descoberta do rádio e do polónio e que tem inspirado alunos, em especial mulheres, a fazer da Química a sua opção profissional. Curiosamente, comemora-se também, em 2011, a criação da Universidade do Porto (e de Lisboa), onde o notável químico Ferreira da Silva levou o nome de Portugal além-fronteiras, e a fundação da Sociedade Portuguesa de Química por Ferreira da Silva, Alberto de Aguiar, Pereira Salgado, Charles Lepierre e outros químicos portugueses. De assinalar, também, que em 2011 se completam 50 anos da conclusão do nosso curso de Engenharia Químico-Industrial na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

A importância da Química é universalmente reconhecida, pois basta olhar para nós próprios e à nossa volta para constatar que era impossível viver sem a Química. O “mundo gira” movido pela energia obtida em processos químicos e os organismos “mexem” à custa da energia obtida em processos metabólicos cujas reacções são tipicamente reacções químicas. A compreensão dos processos bioquímicos, da química dos seres vivos, só é possível depois de se conhecer a constituição desses seres, a estrutura das complexas moléculas dos seus organismos e o mecanismo das suas reacções.

Tudo isto é trabalhos dos químicos, bioquímicos e biólogos. Para alimentar uma população sempre crescente foi preciso produzir novos fertilizantes, captando o azoto da atmosfera na síntese do amoníaco, dominar a técnica do frio (novos e inofensivos CFC), controlar as pragas e doenças das plantas. Foi preciso fabricar novos materiais, com melhores propriedades e maior abundância, para serem acessíveis a todas as camadas sociais, como é caso da seda artificial e outros produtos têxteis.

O aroma, o gosto, a cor e outras delícias com que a Natureza nos contempla são o resultado da presença de moléculas com estruturas curiosas que os químicos descobriram e foram depois também capazes de criar.

(...)

Como dizia Bernard Shaw, “a Ciência está sempre errada; nunca resolve um problema sem que seja criado outro”. É este o grande desafio da Química.



Carlos Correia



* Professor Emérito da Universidade do Porto. Conselheiro «Ciência Hoje» para Ano Internacional da Química


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